
Em um país onde desafiar os poderosos muitas vezes significa enfrentar consequências severas, o jornalista esportivo Oscar Paris tornou-se símbolo de resistência. Após denunciar fraudes envolvendo o atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, Paris viu sua carreira ruir, foi processado oito vezes, perdeu empregos e enfrentou um boicote que durou mais de 16 anos.
A denúncia teve início em 2008, quando Oscar revelou que a Federação Baiana de Futebol (FBF) havia alterado, de forma irregular, os registros federativos do jogador Liedson para beneficiar financeiramente o clube Poções, da Bahia. Segundo a denúncia, Maria Balbina, ex-funcionária da FBF, afirmou que a ordem para a alteração teria partido do então presidente Ednaldo Rodrigues.
A repercussão foi imediata. Paris foi desligado da TVE e do jornal A Tarde, dois dos principais veículos da Bahia. Em seguida, passou a enfrentar oito processos judiciais, sendo acusado de calúnia e difamação por Ednaldo e pela própria FBF. Durante anos, viveu uma espécie de exílio profissional, sem conseguir espaço em emissoras ou redações, mesmo com seu nome reconhecido no meio esportivo.

As despesas com sua defesa jurídica já ultrapassaram R$ 1 milhão, e os reflexos emocionais da perseguição ainda fazem parte da sua realidade. Apesar disso, Paris nunca recuou.
A virada veio em março de 2025, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu em favor do jornalista, reconhecendo a legitimidade de seu trabalho e encerrando os processos que se arrastavam há mais de uma década.
A defesa de Ednaldo Rodrigues, por outro lado, nega qualquer irregularidade e afirma que as ações judiciais visavam unicamente defender sua honra e reputação, sem intenção de intimidar a liberdade de imprensa.

Mesmo com a vitória jurídica, o caso de Oscar Paris revela como o jornalismo independente pode ser silenciado por meio de perseguições legais, isolamento profissional e desgaste financeiro. Sua história reforça a importância de apoiar quem tem coragem de desafiar os interesses ocultos por trás das instituições de poder.